quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Maria de fé e só...


Maria se enfeitou todinha
Colocou a melhor roupa,
A única que tinha.
Pintou o rosto, passou batom...
Olhou... Mirou-se no espelho... Olhou de novo.
E na certeza de que havia ficado bom
Saiu ansiosa, sem perder o tom...

Foi para o Jubileu...
Passou indiferente pelas centenas de barracas
Para ir até a Basílica de Bom Jesus.
Fez jus à sua devoção.
Observou todos os profetas
Como alguém que nunca os vira.
E ela já os conhecia...
Conhecia tanto, tanto,
Que às vezes orava
Como quem chega aos pés de um santo.

Mas Maria não estava ali por acaso
Ela tinha uma promessa a cumprir
E caso ela não conseguisse... Sei lá...
Acho que preferiria não existir.

Depois de repensar todo seu passado
Juntou forças e desceu para o mercado.
Ali era o oposto da festa religiosa.
Se via de tudo!
Uma multidão curiosa
Misturando fé com oportunismo.
E a Maria estava lá,
Com todo seu otimismo.

Procurava de barraca em barraca...
Observava ao máximo,
Todos e tudo que passava.
Prestava atenção...
Mas em sua direção, nada se manifestava.

Maria andou, andou... Sentou!
Não aguentava mais.
Um ar de desespero ocupou seu olhar.
Uma lágrima ensaiou, ensaiou
Depois rolou pelo rosto.
Um rosto marcado pelo tempo
Que não parou, nem pararia
Nem mesmo para Maria.

O que Maria estava a procurar
E por mais que tentasse encontrar
Não conseguiria.
É que ela perdeu,
Há uns vinte “jublileus” atrás
O que agora já não existe.
Ela jamais voltará a encontrar
O seu grande amor,
Que religiosamente (por medo) deixou escapar...



2 comentários:

  1. nossa... que triste, mas é um belo texto.
    Grande beijo e um maravilhoso dia :)

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  2. Olá Geraldo,

    Visualizei seu blog, ocasionalmente, e parei para ler.
    Escreve muito bem, sabia?
    Escreve com alma.
    Este poema, esta Maria, perdeu, por fé, seu amor.
    Que lindo!

    Abraços.


    afectosecumplicidades.blogspot.com

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